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  • Foto do escritorEscola Lua Nova

Alfabetizar é um ato de Cidadania

Sim, todos os métodos alfabetizam. Mas alfabetizam de formas diferentes. Pensar no processo de alfabetização é pensar na formação de uma criança que necessita desenvolver sua autonomia como leitor e escritor, como usuário de uma língua, como sujeito pensante. A ênfase dada pelo MEC no método fônico trouxe para a comunidade – pais e educadores – a necessidade de refletir sobre esse processo e de se perguntar: que sujeito é esse que está sendo formado?


“Nós acreditamos no uso social da leitura e da escrita. Na participação das crianças em situações nas quais esses são elementos centrais para a interação e para o alcance de um propósito partilhado, promovendo experiências onde elas encontrem sentidos de comunicação, passando portanto a dar sentido à própria atividade em questão. Para tanto, os professores oferecem reflexão de como se dá essa escrita buscando compreender o que elas pensam sobre a mesma, validando assim seu saber. Isto configura para a criança o fortalecimento de sua condição de sujeito pensante, exercitando assim sua cidadania. Para isso, o professor instiga a criança com perguntas provocadoras e a ajuda a refletir sobre hipóteses a respeito dos usos da escrita e da representação da fala pela escrita”, explica Walkyria Rodamilans, diretora pedagógica da Escola.


Segundo Giovanna Cristina Zen, professora da Faculdade de Educação da UFBA e mãe de SEMPRE ALUNA Lua Nova, o aprender a ler e escrever exige da criança um esforço intelectual imenso e o uso do método fônico reduz a aprendizagem da leitura e escrita a um código. “Quando a criança precisa fazer um bilhete para os pais pedindo que na sexta-feira traga uma fruta para fazer uma salada de fruta, essa é uma situação de ensino, porque é uma situação real, é uma situação do cotidiano, é uma situação na qual as crianças não vão somente refletir sobre o sistema de escrita, como organizar as letras do alfabeto em todas as palavras que existem no mundo. Elas vão refletir sobre os propósitos comunicativos que a leitura e a escrita possuem”, disse Giovanna.

Decidir pelo método, pela concepção de alfabetização de uma criança, é decidir qual sujeito será formado e qual papel ele desempenhará no mundo, nessa complexa sociedade em que vivemos. Para que se desenvolva um cidadão em cada um desses sujeitos é preciso que ele participe das diferentes práticas sociais de leitura e escrita, que se posicionem, tenham opiniões próprias e possam confrontar o que pensam com outras crianças e outras pessoas. É preciso oferecer a aprendizagem de uma escrita como objeto cultural, social, histórico e complexo.


Walkyria Rodamilans explica que na Lua Nova pensar a alfabetização significa assumir que a língua escrita é aprendida em situações de comunicação, nas quais a criança atribui sentido e compartilha referências com adultos e outras crianças sobre o mundo da cultura. “A gente lê e escreve com as crianças desde muito cedo e utiliza diversos portadores que façam sentido para elas no cotidiano”, explica.


Na percepção de Andréa Fernandes, mãe de dois filhos alunos da Lua Nova, o processo de alfabetização começou no momento que entraram na escola, um no Grupo 3, hoje já com o ciclo na escola completo, até o 5°ano; outro no Grupo 2, hoje cursando o 2° ano. “Inicialmente eu via uns garranchos surgindo, mas já ordenados da esquerda para a direita, que aos poucos foi ganhando forma. Eu via um menino curioso, questionador, querendo entender o significado das coisas, das palavras. O mais importante era isso, ele tinha prazer pela leitura. Isso é ser alfabetizado pro mundo. Não apenas para saber que o B + A = BA. Hoje ele é um leitor, é escritor de uma língua que tem a função de ajudá-lo a pensar o mundo”, conta.

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