top of page
Buscar
  • Foto do escritorEscola Lua Nova

Se esta rua fosse minha....

O projeto Multidade este ano reuniu as crianças do grupo 5 e do 1° ano para uma série de oficinas com o tema Se essa rua fosse minha. Os alunos tiveram a oportunidade de refletir e produzir a partir da poesia que deu origem à canção popular – Paraíso, de José Paulo Paes, além de participarem de muitas brincadeiras como: O dono da rua, Só entra no Castelo e Reloginho.


A professora Alexandra Lepkison abriu os trabalhos com a criançada perguntando se alguém sabia o que iria ser feito durante as sextas-feiras no Projeto Multidade. As respostas deram mostras do interesse das crianças no evento. “A gente veio ensinar as crianças do Grupo 5 as coisas que aprendemos porque a gente já aprendeu no ano passado as coisas que eles precisam saber”, disse uma. “A gente pode ensinar para elas sobre os piratas”, disse outra. Mas a professora ressaltou que o projeto oferece oportunidades para todos aprenderem, não só os mais novos. “Vocês ensinarão as coisas sobre piratas para eles e eles ensinarão muitas coisas pra vocês. E eu também quero aprender muitas coisas com vocês”, acrescentou.


O tema a ser trabalhado este ano foi, então, anunciado: a poesia “Paraíso” de José Paulo Paes.


Se esta rua fosse minha,

eu mandava ladrilhar,

Não para automóvel matar gente,

mas pra criança brincar.


Se esta mata fosse minha

eu não deixava derrubar.

Se cortarem todas as árvores,

onde é que os pássaros vão morar?


Se este rio fosse meu,

eu não deixava poluir.

Joguem esgotos noutra parte,

que os peixes moram aqui.

Se este mundo fosse meu,

eu fazia tantas mudanças

que ele seria um paraíso

de bichos, plantas e crianças.


Depois de mostrar a letra, professora e alunos cantaram a canção juntos. “Fiquei impressionada que muitas crianças desconheciam essa canção popular”, comentou Alexandra. Em seguida ela perguntou o que se podia trabalhar a partir da letra? A imaginação das crianças ganharam asas. “Vamos descobrir o que tem na rua da escola”. “O que tem na rua da nossa casa”. “O nosso endereço e nomes das ruas de Salvador”. “Os nossos vizinhos”. Mas o trabalho seria interpretar o que quis dizer o poeta José Paulo Paes e as características estruturais do texto, o que foi realizado com desenvoltura.


A todo instante a professora relia as estrofes com as partes que eram citadas pelas crianças para facilitar as diferentes interpretações e para oferecer a possibilidade de que todos pudessem fazer as próprias leituras ou “pseudo leituras”. “Eu não concordo com ele na parte de matar gente”, interpretou uma.  “Ele diz que se a rua fosse dele os carros não matavam gente. Carro não mata gente”, acrescentou, sendo depois rebatida por outra. “Mata sim, se atropelar ou bater. Por isso tem que usar cinto, não beber e tomar muito cuidado”, disse. A releitura “botou a rua em ordem”. “Não! Ele ia ladrilhar para crianças brincarem”, retificou aquela que discordou da parte de matar gente.


Novas percepções foram surgindo. “Ele também defende os rios e os animais”. “Ele não deixaria jogar a sujeira nos rios”. “E quem joga a sujeira nos rios?” perguntou a professora. “O prefeito. A culpa é do prefeito”, apontou uma das crianças. Outra denunciou outros vilões: “Os canos que saem da casa da gente e vai por baixo da terra e joga o xixi e cocô nos rios e mares e os rios ficam sujos e fedidos”.


A conversar evoluiu para as soluções. “Se eu fosse prefeito eu proibiria tudo o que fizesse mal para o planeta. A gente ia ser mais feliz e iria brincar toda hora e teria muitas pracinhas”. “A gente pode separar o lixo e reciclar as coisas que podem ser recicladas, pode até transformar em brinquedo”.


Depois de as crianças exporem suas ideias, a professora propôs pensar na escrita da poesia. Neste momento, aconteceram muitas trocas. Enquanto o 1º ano ajudava na decodificação, o Grupo 5 ajudava na fluência. Desta forma, pegavam o início da leitura dos maiores e os ajudavam a completar a estrofe por terem se apropriado durante a exploração, quando realizaram “pseudo leituras aproximada.


Como a gente começa a escrever uma poesia? Perguntou a professora. “Com o nome da poesia e o autor”, disse uma. “Tem que ter rima e linhas juntas e linhas separadas”, explicou outra. E assim foi surgindo a versão coletiva da poesia:


Se esta rua fosse nossa...

Grupo Multidade


Se esta rua fosse nossa...

Colheríamos doces de árvores

e não pararíamos nunca de brincar.

Transformaríamos ladeiras em tobogã com piscina embaixo,

e curvas em pracinhas

Seríamos reis e rainhas,

Príncipes e princesas

Sempre brincando...


Nesse ponto, uma lista de brincadeiras foi construída. Entre elas, havia esconde-esconde, desenho com giz, coelhinho sai da toca - dança-imita, caça ao tesouro, quartel, reloginho, corretinha, só entra no castelinho, entre outras tantas. Após a lista ser finalizada, o grupo foi para a sala grande experimentar algumas das brincadeiras propostas. Começaram com o dono da rua, passando por só entra no castelo e reloginho.


Logo todos brincavam com o maior entusiasmo, revelando disponibilidade infantil para fazer novas amizades e ampliar os vínculos afetivos. Aos poucos, algumas misturas espontâneas começaram a acontecer e logo pudemos ver crianças dos três grupos brincarem juntas. Ao final, a professora lançou um desafio. “Eu vou dar um papel, lápis, pincel e tinta para vocês pintarem algo que expresse: como seria esse mundo se ele fosse de vocês? As pinturas ficaram expostas nas paredes da escola.

12 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page